Numa época de perfeccionismos com ajuda da Inteligência Artificial, o gap de quem não consegue acompanhar tornou-se um fosso que a perna não alcança. A cultura da empresa vai ditar como se abraça o desconhecido, a aprendizagem e o erro pela sua postura de desenvolvimento e práticas de On-boarding iniciais e progressivos.
Designada Cultura Positiva do Erro (e não do "erro positivo") esta prática vem ensinar às empresas como as falhas das equipas devem ser encarados como parte do processo de amadurecimento profissional e mutação das entidades corporativas e não como fatalismo ou triste fado com sentenças... Na prática não se promove não-profissionalismo, nem tão pouco se deixa de ambicionar a excelência, mas abraça-se o erro e a falha como uma oportunidade de crescimento colectivo: colaborador, equipa, empresas. Recompensamos o mérito, castigamos as falhas quando na verdade é a falha que precisa de atenção (address the cause, work on improvement).
A sociedade ensina-nos que ter 5 estrelas é o objectivo, conseguir pontuação máxima num trabalho é sinónimo de sucesso e que os coleccionadores de diplomas e certificados são os role-models. As redes sociais promovem perfeição, vidas bem-resolvidas, talks e debates de experts e somos todos super inteligentes e bem-sucedidos. Caso contrário, levamos tau-tau ou somos humilhados e rotulados de fracassados. Que triste contexto! Assim em casa, como no trabalho a ideia é triunfar e nunca errar. Mas para aprender a andar de bicicleta é preciso cair. Para evoluir é preciso errar e é uma verdade reconhecida por toda a humanidade, mas quando toca "à minha empresa" são mais as teorias que as práticas. Convém por isso considerar estes 5 factores pelas quais devemos adoptar a Cultura do Erro.
5 considerações importantes sobre Cultura do Erro
1- Contornar a mentira. Porque todas as entidades têm aquele colaborador que no momento de reconhecer que não sabe, prefere fazer de conta. A cultura do erro em sintonia com outras práticas positivas de cultura empresarial abraça o desenvolvimento pessoal e profissional das equipas, motivando-as a reconhecer com humildade quando erram, em vez de mentir, dizer meias-verdades ou ocultar. O objectivo é encorajar o pessoal a identificar uma falha e reconhecê-la e corrigi-la para não a repetir.
2- "Somos todos incompetentes" porque somos exigentes e se reconhecermos que não somos seres acabados, mas sim em trabalho de competência permanente, inacabado o nosso ângulo de visão expande-se para a melhoria permanente. Não precisamos fazer de vítimas nem coitadinhos, sendo aqui o objectivo promover a sede de ser melhor e humilde, mesmo quando reconhecemos que somos bons.
3- Este mind-set desperta-nos para a constante aprendizagem e cultura do saber. Ingressar em novas formações, procurar saber, ler, fazer pesquisa, perguntar, investigar, estudar, envolver-se e fazer disso um hábito e não apenas para corrigir uma situação isolada.
4- Promover frente unida de corajosos: Predisposição de cair, errar e experimentar algo novo requer coragem. Se houver foco no fracasso e humilhação do erro não se evolui, não se aprende.
5- Espírito de equipa, trabalho individual: ninguém pode estudar por nós. Ninguém pode falar por nós, respirar por nós. Promover a individualidade com apoio na progressão e respeito pelo ritmo de cada um, com visão em comum, normaliza a aprendizagem convertendo-a num trabalho colectivo de melhoria e crescimento.
Na hotelaria, nas empresas de turismo grandes ou pequenas ou seja qual for o ramo de actividade o princípio de Cultura positiva do Erro traz o que um bom ordenado não traz: lealdade e compromisso para com a entidade uma vez que o colaborador sente-se respeitado e retribuí dando o seu melhor.
Estipular escala de consequências e reconhecimento de evolução devem fazer parte do Manual de Procedimentos da Equipa a par de uma estrutura de gamificação de cliente interno. Evitar situações de burn-out ou síndrome do impostor passa pela consciência colectiva do progresso de cada colaborador, com a sua participação e envolvimento com erro, com auto-avaliação e com aprendizagem. A pré-disposição para a aprendizagem dependerá do ambiente empresarial e cultura de empresa que o local de trabalho promove, tal como na alegoria da caverna onde o nosso ambiente ditará o nosso desempenho.
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