top of page
Foto do escritorCatarina Varão

Despite feeling like one of the herd, it still feels mindful - Um artigo sobre fé e culpa

Somos rebanho e os seguranças que alinham as filas (borders) de segurança nos aeroportos, border collies. E este é o sentimento de viajar de avião dos dias de hoje. Lowcosts em operação, elitismos de parte com o mundo acessível aos poluentes e aos ignorantes, mais classe turística aqui, mais milhas e speedy boarding acolá, o que é certo é que são precisas muitas horas antes e depois do próprio voo roubadas às nossas vidas ocupadas e cheias de afazeres. E o stress em que somos submetidos pela bagagem que nos custa acartar na hora do embarque? Ui, qual “at ease”, qual carapuça…



Crente que sou, admito que há ainda glamour no apertar o cinto de segurança como se envergássemos uma peça de estilista rara e cara a condizer com a nossa roupa. Ainda que longe dos tempos em que o pessoal de bordo era meticulosamente escolhido pelo seu look e extremamente fit é cuidados, continuamos a sentir uma paz quando estamos nas nuvens, mesmo que estejamos entre mochileiros e viajantes que insistem em circular de peúgas. Então de onde vem essa paz? É a droga da altitude? Não tenho uma resposta única, mas como amante da natureza que sou (não somos todos, teoricamente?) apraz-me ver-nos pequeninos lá em baixo à medida que descolámos e a magia de perceber que, acima das nuvens há sempre céu azul e sol, mesmo que o dia tenha estado chuvoso e cinzento. E podemo-nos contorcer e ligar à corrente os nossos dispositivos, mas a paz de estarmos colectivamente inacessíveis e verdadeiramente desligados, sem rede parece-me o sentimento mais poderoso de todo que contribui para o mindfulness do viajar de avião. Também quero acreditar que, nas viagens, aprendemos todos a apreciar o percurso e não só o destino e tirar melhor partido deste momento em que estamos fechados nesta lata voadora, alcatifados e artificialmente climatizados. Não se vê nada mais que nuvens e precisamos sentir falta delas para as apreciar que quem viaja todos os dias ou muitas horas pouca graça deve achar. Sou adepta de viajar atravessando a paisagem, podendo ver e contemplar ainda que em deslocações mais lentas como de comboio ou bicicleta, mas seria presunçoso considerar-me slow traveler a não ser que seja uma questão de mentalidade e sendo assim, eu slow traveler me assumo nesta contradição de gostar de estar nas nuvens apesar do dissabor da pegada carbónica.


Neste caos de “atarefadismos” e “ocupadérrimos” e por uma questão de saúde mental, sejemos capazes de fazer e promover o que nos acalma e abrandar para apreciar pequenas coisas que não são tão pequenas.


E por aí, "any kick on a plane" como Cole Porter refere na sua música?

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


bottom of page