A cada nova crise, o tópico da liderança salta rapidamente para a frente dos mais discutidos. Já estudado, discutido e debatido em larga escala, fonte de alterações profundas nas organizações fruto dessas mesmas crises e das mudanças geracionais, mesmo assim acabamos por regressar a este tema como se fosse a primeira vez. Não é por acaso. Apesar de palavras como incerteza, volatilidade, complexidade estarem à mais de 30 anos (e cada vez mais) presentes no vocabulário dos negócios, nada nos preparou para o impacto da Covid-19 nas organizações.
Se inicialmente a necessidade foi a de responder e ajustar à ameaça em tempo real, neste momento a necessidade é de responder a um grau de incerteza sobre o futuro, com a dificuldade acrescida de não haver qualquer precedente na nossa História. Não quer isto dizer que os líderes tenham agora de ser especialistas em todas as matérias, principalmente de saúde pública e Economia. Pelo contrário, essas matérias devem ser deixadas para os especialistas e autoridades médicas. Mas, enquanto líderes seremos chamados a tomar decisões durante esta crise e, numa altura em que o cansaço do confinamento começa a toar o pensamento, é fundamental apoiar-nos na resiliência, resistirmos, e prepararmo-nos para as mudanças que surgirão, colocando o foco no essencial: nós, as nossas equipas e a nossa organização.
A maioria das empresas foi extremamente rápida em actuar na segurança dos seus colaboradores, através da introdução de boas práticas de higienização no local de trabalho, da redução de elementos nos escritórios, fecho total e/ou transição para o teletrabalho. O foco primordial deve continuar a estar nas nossas equipas, através da proximidade com cada elemento, por via dos meios digitais e outros, de modo a garantir que as decisões são comunicadas de forma efetiva, clara e contínua, pois cada elemento está neste momento a debater-se com importantes questões pessoais e profissionais. Se na primeira passa por entender como conjugar o seu tempo de trabalho com o apoio ao filho(a), que também está em casa com escola à distância e que precisa de um apoio maior dos pais nos estudos, na segunda passa pela incerteza sobre a situação das empresas, a garantia do seu posto de trabalho e o modo como está a ser afetado pela quantidade de boa, má informação que recebe 24 sobre 7.
Devemos ser flexíveis, e entender que se aquela velocidade de receção e processamento da informação até à cerca de 2 meses atrás já era impressionante, com a Covid-19 essa velocidade passou para níveis impensáveis e que podem levar a um bloqueio de decisões. A melhor forma de evitarmos os bloqueios é termos planos que sejam o mais ágeis possível. Quer isto dizer, as ordens que damos de manhã podem ser totalmente diferentes à noite. E temos de mentalizar não só as nossas equipas mas a nós próprios. As súbitas mudanças de planos, ordens e outcomes podem levar-nos a duvidar da nossa própria atuação e do impacto que estamos a criar nas equipas e na organização. Se em tempos de paz seria ideal parar a tempo com essa forma de agir, neste caso não há outra forma e por isso podem colocar as duvidas de lado. O mundo inteiro está na mesma situação que nós: a requerer líderes ágeis que criem planos e estratégias diferentes…várias vezes ao longo de cada dia.
Esta crise tem de ser vista como uma oportunidade para a nossa organização evoluir culturalmente e adoptar uma estratégia de liderança adequada às necessidades do mercado, dos colaboradores e dos diferentes atores sociais. Em tempos de crise é fácil cairmos na tentação de inventar a roda sobre um tema que foi discutido, debatido e estudado com tanto afinco ao longo de tantas décadas. As estratégias de liderança evoluíram a uma velocidade tão rápida como a da partilha de informação, contudo a inclusão de ambas nas organizações aconteceram de forma bastante distinta. Se a última foi facilmente assimilada e tornada parte integrante do nosso dia a dia, a primeira ainda se debate com resistências de variada ordem, sendo a principal a cultura do micromanagement que tantos gestores têm dificuldades em deixar cair.
Para isso, a TH2 lançou uma formação dinâmica e focada em alterar as concepções tradicionais de liderança, e em demonstrar como implementar uma metodologia de Liderança Efetiva. A melhor arma contra a incerteza é o domínio da arte de comandar pessoas, atrair e influenciar mentalidades e comportamentos, de forma positiva.
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