Quando digo que fui à Namibia, os olhos das pessoas arregalam-se muito: umas estão a pensar e a tentar lembrar-se onde fica, outros espantados por me ter atrevido a ir tão longe com uma toddlerde ainda 2 anos na altura. Certo é que, a consultora hoteleira, charm-hotel seeker for a living (digo eu) adora acampar. Mas não foi um acampamento qualquer.
Para se chegar a esse país- dos mais desertos do mundo, a partir de Lisboa tem que se voar para Luanda, em Angola até Whindoek. Para garantir que os passageiros seguem todos, a escala é longa e a viajar com crianças impacientes, por vezes dolorosa- não há alternativas de refeições interessantes para eles, os snacks e brincadeiras criativas foram gastas a bordo do voo de longo curso, etc. Mas firmes com o nosso objetivo de mostrar vida selvagem e animais não fechados em gaiolas como no Zoo, a motivação gera calma.
Mas este post não é sobre o país, nem sobre viajar com crianças pequenas, é sobre o mundo maravilhoso das viagens em autonomia.
Alugámos um jipe que inclui no tejadilho uma super tenda- mais uma casa que uma tenda, pois monta-se e desmonta-se de uma maneira mais ou menos ágil (cada vez mais fácil com a prática). E voilá, no piso superior, como que assistindo ao mundo do melhor camarote de um coliseu, temos a nossa casa montada, com vista, ali num palanco superior. É que o cenário não é sempre o mesmo. Não só por força da luz do dia que muda e vai colorindo o horizonte, mas também porque o objetivo era seguir viagem. E céus, como apetecia tantas vezes ficar só mais um dia em tantos sítios.
E a rotina logo se foi implementando: chegar ao lugar onde vamos pernoitar pelas 16h30/17h00- montar a tenda, abrir e montar as cadeiras e mesas e mesmo antes de pensar o que é que vai ser o jantar. Sentar na cadeira, com cup-holder german design, a desfrutar de um gin bem gelado (a água tónica tem efeitos benéficos repelentes de insetos, só por isso...) e ver as cores do céu a mudar, os pássaros a apressarem-se a entrar e sair do ninho, os mais loucos insetos na sua calmaria e simplesmente contemplar. Um acampamento de luxo onde nunca nos faltava a piscina, a casa de banho impecavelmente limpa com água quente (às vezes aquecida com lenha, uau), o duche (às vezes sem teto com vista para as nuvens) e os sons de animais durante a madrugada a cirandar que nos lembravam que estamos no seu território.
De manhã, ora éramos surpreendidos por um babuíno que tentava assaltar as nossas comidas, ora ficávamos de tenda aberta a contemplar uma lagoa ou o sol a nascer em tons que não estão previstas nas paletes de pantone nenhum.
Não estávamos num restort de glamping- esse conceito moderno de campismo que é hotelaria de campo, com inspiração selvagem. Não havia uma tenda suspensa, mas estávamos bem alto, no topo do jipe entre oryx, zebras, avestruzes e girafas como se o mundo fosse um lugar pouco povoado, só deles. E o serviço de alojamento seguia ao sabor de cada lugar onde parávamos, sempre com fruta fresca dos mercados que encontrávamos dia sim dia não, café em cafeteira ao lume servido a todos e degustado naquelas cadeiras deliciosas com os seus porta copos ou mesinhas individuais. Às vezes montávamos a cama de rede, outras vezes acendíamos a fogueira e outras vezes só ficávamos a contemplar um céu tão vasto e cheio que parecia de outra galáxia.
:)
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