Com o confinamento terminado, e o número crescente de casos na Área Metropolitana de Lisboa, o surto em Reguengos, os surtos sem controlo por outras áreas do País, fez com que Portugal entrasse nas listas negras de Reino Unido e Irlanda, bem como de alguns países do Norte da Europa.
Com estes casos poderemos perguntar: Será que o milagre português, afinal não é assim tão milagre? Será que desconfinamos demasiado cedo? O que tem Espanha e Grécia diferente de Portugal?
Antes de mais, acho que Espanha a decisão é simplesmente económica, devido à estreita ligação da British Airways com a Iberia, sem dúvida que a companhia área teria que ter Espanha na reabertura para aumentar os lucros da companhia. Quanto ao resto, continuo a achar que as razões que levam a uma não inclusão de Portugal nos destinos seguros se deve a política e a erros internos portugueses.
Com estes dados lançados de que forma podem os empresários da indústria que equivale a 15%do PIB nacional, e principalmente os de Lisboa, fazer para conseguir atingir os seus objetivos anuais, ou pelo menos um EBITDA nulo?
O Grande Dilema encontra-se aqui, de que forma podemos captar o mercado interno para atingir os nossos objetivos empresariais?
Antes de mais, esta semana foi pródiga em artigos de opinião sobre a pandemia. Para começar no Jornal Económico um artigo de opinião disserta sobre a necessidade, num futuro pós-covid, onde a integração de pequenas unidades hoteleiras em grandes cadeias hoteleiras será o caminho a ser tomado por estas unidades de forma a termos um melhor futuro. Nada mais errado, pois se estas pequenas unidades apareceram foi porque as grandes cadeias esqueceram-se de inovar e de melhorar / adaptar os seus serviços e oferta aos clientes que exigiam mais e melhor qualidade e produtos diferenciados. Por esta razão vemos que hoje o nosso mercado interno busca incessante unidades pequenas, afastadas dos grandes centros urbanos e de grandes concentrações populacionais. Veja-se os últimos dados de ocupação entre as diferentes NUTS, onde o Alentejo aparece com mais reservas do que o Algarve e Lisboa. O única erro cometido por algumas unidades independentes foi o crescimento que desenharam sem suporte, o que faz com que hoje em dia se encontrem com diferentes unidades, mas sem clientes e sem hipóteses de talvez as reabrir num futuro próximo.
Consequência disto, são artigos de opinião, como o HuffPost, onde reporta os casos na Suécia e em Portugal, que passaram de “alunos” exemplares para os piores alunos da turma. Não colocando em causa a veracidade dos mesmos factos, consta referenciar que países como Espanha, Itália e Grécia, não tem na imprensa internacional os casos que tem crescido diariamente. Veja-se o seguinte caso de Barcelona que voltou a colocar 4 milhões de pessoas em lockdown de prevenção para não passar para as outras regiões espanholas.
Introduzindo o tema, o trabalho a ser realizado por pequenas ou grandes cadeias, pequenos ou grandes hotéis, terá que passar por um trabalho de estudo entre Marketing, Comercial e Revenue. Estes três departamentos ou equipas terão que rapidamente desenhar estratégias para o arranque – falando na área metropolitana de Lisboa – do negócio e para a sua reabertura. Sem uma estratégia de comunicação válida e adequada aos tempos que correm – não só fazendo valer a segurança e a higiene – mas sim a qualidade do serviço e o produto diferenciado. No preço definir uma estratégia de preço adequado ao serviço e ao produto que é prestado, pois se vamos – como já se vê em algumas unidades – a descida abrupta do preço, o cliente, que está mais conhecedor, não vai perceber como um hotel (pequeno/grande) com a sua estrutura de custos, com a sua localização pode ter preços tão baixos. Um exemplo muito rápido que deixo para pensamento: uma unidade de quatro estrelas tem como preço noite/quarto, no Algarve, 73€. Com isto pergunto: retirando os impostos, os custos (alojamento, Housekeeping e F&B) qual o valor que vai esta unidade ganhar?
Será que esta estratégia de preço baixo, ou de descida dos preços vai cativar clientes, ou pelo contrário, aqueles que o aceitarem, vão e não voltam devido às condições oferecidas.
Sendo assim, tal como diria Ferran Àdrian, é necessário preparamo-nos para qualquer cenário e trabalharmos de forma a podermos manter a nossa qualidade, serviço e produto.
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