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Foto do escritorCatarina Varão

O que tem de extraordinário para dar?

Atualizado: 26 de set. de 2022

A crise da falta de staff e ausência de talentos no Turismo

Correndo o risco de soar ao velho do Restelo, no meu tempo éramos formados (ou formatados) para ser os melhores naquilo que fazemos. E assim fui também educada em casa inspirada por autênticos guerreiros e lutadores ambiciosos de vida, num seio familiar de pessoas que acreditavam que para se ser contratado tínhamos que ter um valor único e ser uma mais-valia imprescindível para "subir na carreira". Que havia empregos para a vida e que os génios que criavam empresas eram autênticos visionários corajosos e admiráveis.


They are making fools out of ourselves

Olhem para nós! Contratamos pessoas que parece que lhes estamos a fazer um favor, que pouco ou nada se interessam ou investigaram sobre o nosso trabalho, percurso ou empresa onde acabam de ingressar. E temos que fazer de animadores e fazer malabarismo e trapezismo perigoso para os "motivar" e manter interessados, como se o ganho fosse (só) nosso. Que triste figura! Onde está o ânimo, a garra? E desde quando tem que ser a entidade patronal a injectar a mesma e não o oposto? É suposto uma empresa fazer o "level up" da equipa e essa o querer e não apenas contentar-se porque "ahh, não há mais ninguém e afinal ele tem dois bracinhos..." E a reputação do nosso negócio?




Pergunto-me: qual o destino destas pessoas que ora são "robots" em modo piloto automático capazes de aceitar qualquer emprego sem ânimo e factor de diferenciação, porque precisam ou estão apenas em corpo presente como verdadeiras Donna DoNothings deste mundo. Trate os seus colaboradores como adultos ou arrisca-se a entrar num ciclo vicioso de pessoas dependentes, incapazes de tomar decisões sozinhos ou pior, serem exemplo de sucessivas faltas e abandonos de tarefas sem sentido de responsabilidade ou responsabilização. Serão mesmo adultos?





Não há fórmulas mágicas, sim é um facto, este ano não há pessoal de todo para trabalhar porque depois de 2 anos de pandemia o mundo decidiu "que se lixe o trabalho, vou é viver!". Mas entre o não haver pessoas para trabalhar e arriscar-se a recrutar pessoas que não estão alinhadas com os seus valores ou pior, não têm valores nem nunca ouviram falar em tal coisa, há limites. Arriscar a reputação de uma empresa pode ser deveras perigoso, mas sobretudo assegure a sua coerência nas decisões e forma de actuar na empresa porque "what you permit, you promote" e isso sim é contagioso por todo a equipa e num ápice mesmo aquele colaborador que sabia que era bom é contaminado por esse ambiente.


Então o que fazer para manter a minha equipa em boa forma?

É certo, é certo não estamos sempre em alta e a bater palmas de motivação o tempo todo em nenhuma empresa. Mas temos que fazer por estar o mais motivados e alinhados possíveis.


4 Desafios a ter em conta ao implementar Cultura de Empresa num Hotel

1- Estão todos a bordo?

Muitas vezes as ideias e estratégias são comunicadas e levadas a cabo por chefias, onde muito do pessoal são usados apenas como peões, sem saber exactamente qual o rumo e o propósito. Respeite a individualidade de cada colaborador e invista tempo na explicação das medidas a implementar e razão de ser. Numa organização Top to Down assegure-se que todos sabem de tudo Dow to Top. Além disso, no mundo da Hotelaria vai querer apenas uma coisa: o foco na ligação e relação com o cliente de todos, com todos. Todos devem ser capazes de responder e comunicar com ele e assegurar que o conseguem servir. Se os seus funcionários não são os seus embaixadores quem acha que são, os influenciers anónimos do mundo do instagram?!


Pois só neste ponto há muito que se lhe diga: que formação promove junto deles? Empurra-os para uma sala com uma pessoa aborrecida que mostra uma sequência de slides? Esqueça! Envolva-os num training on-job. Promova regularmente dinâmicas de grupo video-filmadas em jeito de autocopias, leve-os a visitar os seus concorrentes num misto de prémio e cliente mistério, faço-os crescer e amadurecer profissionalmente ao invés de "simplesmente" considerar que eles nunca vão perceber porque não são o seu público-alvo. Comprometa-se a contribuir para a evolução da sua carreira não apenas como "animador" dos seus dias e do seu ordenado, mas abrindo os seus horizontes, fazendo parte de novas ambições e standards conhecendo também quais são os "triggers" a nível motivacional de cada um. Pode dar luta alcançar essa descoberta ou se quer descobrir alguma coisa. Pode até ser sinal que essa pessoa não está disponível a "level up"


2- Feedback positivo

Slow progress is still progress- e com isso devemos todos ganhar e reconhecer quando esse acontece. Quando foi a última vez que manifestou agrado e gratidão (e até apreço público) pelo bom desempenho? E como o fez? Monetariamente? Com dia off? Com mais formação numa sala fechados? Oh não!


3- Seja o Exemplo: ah o prazer de servir, de agradar

Carrancudo, agarra na bandeja ou toma o comando da cozinha e desata a fazer o que devia ser o papel de um colaborado seu. Não é desse tipo de exemplo que estamos a falar. Falamos de training on job ou mesmo desempenho natural de um serviço onde mais do que operação, se manifesta uma atitude positiva, uma vontade de ajudar e serviço descomplicado e sincero. É preciso estar num dia sim, sim, mas quando está e consecutivamente trará exemplo a seguir ou mesmo inspiração à sua equipa. Revela à vontade e orgulho na relação com o seu cliente, põe carinho na tarefa que desempenha (mesmo que seja enfadonha), revela ânimo e boa disposição num trabalho (mesmo que seja "só" despejar o lixo). Envolva-se, participe e mostre e demonstre.


4- Liderança significa comunicar

Não falamos de lideres autoritários nem de ditaduras, mas sim de uma gestão participativa das equipas que pretendem envolver-se, mas que, sem tabus nem complexos têm a maturidade de expor as suas dificuldades, pedir apoio e ensinamento. Organize regularmente sessões de trabalho, anunciando sempre os temas dos mesmos. Faça reuniões regulares e curtas, preferencialmente em jeito de brainstorming. Com tempo, tente agilizar sessões que envolvam vários elementos da equipa tentando perceber quais são mais faladores, quais são mais inibidos e quais podem ser inibidores considerando que todos têm ritmos e formas de trabalho diferentes.


Pode parecer desorientador embrenhar-se num mar de colaboradores que amuam, faltam, esquivam-se à responsabilidade, parecem não o compreender e em que se vê sozinho ou com pouco back-up. Hey, keep strong! Mantenha o nível e acredite nos seus alicerces. Espere: tem alicerces não tem? Reveja os Brand Values da sua empresa e sobretudo o seu Manual de Procedimentos. Perceba sim a realidade do que tem entre mão e que consegue implementar ou manter, mas não desista do seu foco "level up", das suas referências. Afinal, você é o visionário, o empreendedor, o criativo. Mas tem que se "munir" com uma aplicação pratica dessa criatividade nos valores, na actuação e operação expressa em Manuais e Standards de Serviço ao mais ínfimo detalhe. Sim, pode ser muito trabalhoso mas só assim conseguirá ter "discípulos" e se precisar de ajuda nesse Branding e Set-Up de Core Values de Recursos Humanos e Conceito lembre-se da TH2.


Bom trabalho :)



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