Após 4 meses do início da pandemia em Portugal, e reportando este texto à área da Hotelaria, Turismo & Restauração, podemos chegar a uma conclusão: afinal não melhoramos as nossas operações!
Vamos por partes, o Turismo de Portugal, teve um trabalho fantástico durante este tempo cedendo gratuitamente ações Best e Formações Executivas nas mais diferentes áreas – era só escolher a área onde teríamos maiores “dificuldades” - e poderíamos consultar e assistir a formações de nível elevado.
Por outro lado, diferentes empresas – onde se insere sem dúvida a Th2 – providenciou, não ações de formação, mas também os seus Laboratórios, onde semanalmente eram discutidos temas tão diferentes, como o ensino, o F&B, o Alojamento, o Marketing, etc.
Permitam-me que antes de ir a fundo à questão, relembre que num post, aqui escrito, dizia que um dos maiores problemas que enfrentaríamos seria voltarmos após o encerramento tal e qual estávamos antes. Fazia valer que o tempo de paragem deveria, sem dúvida, ser utilizado para a melhoria da performance operacional, empresarial e pessoal de todos o que trabalham na área.
Ferran Adrià numa entrevista concedida a 26 de Abril (ABC Cataluña) diz que não podemos estar passivos e esperarmos pelos clientes. Temos que estudar todas as variáveis e diferentes cenários, para estarmos preparados para o melhor e o pior. Mas passados 3 meses desta entrevista, passado 4 meses do início do confinamento, lendo artigos de opinião, escutando atentamente peritos na área, vendo as ações governamentais e das mais diferentes associações, em que estado se encontra a indústria hoje?
Caminhamos a passos largos para uma época de quebras, de quedas, de encerramentos e falências. Mas bastará culpar a não inclusão nas listas de viagens do Reino Unido, Irlanda, Dinamarca, Finlândia e Áustria? Bastará culpar o aumento de casos e a despreocupação por parte dos mais jovens? Será que podemos culpar a falta de rendimentos por parte dos Portugueses que ainda vão de férias?
Sem dúvida que os fatores acima mencionados tem um peso bastante elevado nas finanças e na contabilidade das diferentes empresas, mas – tem que sempre existir um “mas” – a realidade aponta para que muitas empresas não tenham aproveitado para melhorar, estando hoje à espera do “milagre português”.
Outro fator bastante preocupante, e ligado ao título deste texto – são os Recursos Humanos. Num cenário anterior vivíamos num estado em que os Recursos Humanos eram poucos para as contratações necessárias, existindo casos de projetos que não saíram do papel devido ao problema de RH existente em Portugal. No cenário atual o inverso acontece, e o que se começa a ver, é um Regresso ao Passado. Ou seja, como a oferta é muita os valores apresentados, os perfis indicados e as exigências por parte das empresas faz com que os profissionais voltem a olhar para o mercado externo como opções para crescimento e melhores condições financeiras.
Portugal e a indústria Hoteleira e da Restauração encontra-se perante dois caminhos: o primeiro, mais fácil, como existe oferta suficiente de mão-de-obra, como estive 3 meses fechado, como não vou ter muitos clientes, vou baixar as minhas folhas salariais e colocar horários longos. O resultado será produtividade e qualidade diminuta, o que dará um revenue baixo e uma elevada rotação do staff.
O segundo caminho, mais trabalhoso, requer auditar as contas, negociar fornecedores, rever preços / custos, olhar para o marketing & digital como uma ferramenta de alcance de mais clientes, formar e treinar os recursos humanos, equilibrar a vida profissional com a vida pessoal de cada um que contacte com a nossa empresa, estabelecimento ou unidade.
Sem isto, o resultado será um triste e sombrio Regresso ao Passado.
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