Não estamos a antecipar o Natal com campanhas solidárias, ainda que já com a cabeça na problemática. Solidariedade na perspectiva de empatia e de nos colocarmos no universo do outro.
Esta reflexão surge na sequência da formação de Gestão de Equipas em Turismo, onde falávamos sobre gorjetas e gratificações e como as mesmas intervém por um lado no desempenho dos colaboradores artificializando a sua actuação e como na verdade a qualidade da prestação do serviço deveria ser proveniente de um salário justo, da vocação e do bom ambiente da empresa que através da sua cultura fomenta a prestação de um serviço sem complexos, produtivo e sobretudo verdadeiro. E nesse raciocínio foi levantada a problemática de como os gestores confiam nas gratificações para justificar a inércia salarial, argumentando desta forma que funcionário a, b ou c não precisa ser aumentado pois já recebe boas gratificações.
Na nossa perspectiva há uma ausência de solidariedade imensa, uma alienação completa do sentido de responsabilidade de muitas empresas turísticas sobre a tabela de ordenados refugiando-se nesse tipo de argumentos. E isso despoleta uma atitude de competitividade que não vê meios para atingir fins, um atropelar disfarçado de competitividade para o destaque pessoal (e não colectivo) da performance camuflado de gorjeta. Uma atitude empurrada pela mentalidade corporativa que resulta naquilo que se denomina Cultura de Empresa.
Não significa por isso que as gorjetas devam ser proibidas, de todo! Veja-se a perspectiva solidária do cliente que ora gratifica como forma de compensação daquilo que ele sabe que são ordenados baixos, ora gratifica porque deveras se sente mimado, como forma de gratidão por um serviço excepcional. A gestão de um sistema de gratificação está intimamente ligado a factores como turnos, rotatividade de pessoal (e a sua oportunidade igualitária de contacto com clientes), os departamentos e sobretudo a ideia de colectivo que deve ser bíblico no Manual de Procedimentos expresso na Cultura da Empresa. Na prática são um conjunto de processos complexos que se articulam com mentorias com toda a estrutura da empresa, debates infindáveis, corajosas manifestações de pontos de vista planeados em mesa redonda de onde resultam uma entidade de grupo, a personalidade colectiva da empresa. As boas notícias são que "Your vive attracts your tribe" e muitas vezes tudo isto é poupado pela nossa comunicação e estilo próprios que vão naturalmente atrair o nosso público (clientes) e equipa, bem como repelir e afastar quem não se identifica com o nosso estilo.
Cultura de Empresa é sobre: We rise by lifting others
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